ASF - Abelhas Sem Ferrão

UM RESUMO SOBRE ESTAS ABELHAS QUE NÃO AGRIDEM O HOMEM, FAZEM UM TRABALHO A FAVOR DA SAÚDE DA HUMANIDADE, DO MEIO AMBIENTE E CORREM RISCO DE EXTINÇÃO EM ALGUMAS ESPÉCIES E EM MUITOS PAISES 
Assim como as abelhas com ferrão do gênero Apis, as abelhas sem ferrão são altamente sociais e formam colônias cujo número de indivíduos pode variar entre apenas umas poucas centenas até várias dezenas de milhares. Em geral elas nidificam em ocos encontrados nos troncos de árvores, mas podem também utilizar cavidades naturais em barrancos e no solo, espaços vazios em muros e paredes de casas e mesmo ninhos abandonados de formigas e cupins. Muitas espécies podem também ser adaptadas a colmeias artificiais de vários tipos. O ninho é organizado de forma muito diferente do que ocorre nas abelhas do gênero Apis, pois ao invés de favos horizontais agrupados em lamelas verticais as Mepilonini os constroem na posição vertical, formando discos horizontais ou estruturas helicoidais. O material de construção destes favos é uma mistura da cera produzida pelas próprias abelhas com resinas vegetais recolhidas de diversas plantas, e recebe o nome de cerume ou cerúmen. Algumas espécies menores do grupo não constroem favos, que são substituídos por pequenas esferas agrupadas formando cachos.

Os discos de favos tem tamanho muito variável de acordo com a espécie, e vão se sobrepondo uns aos outros separados por colunas constituídas do mesmo material, até formar uma pilha com diversos andares. Em muitas espécies este conjunto de favos é envolvido por uma estrutura quase totalmente fechada composta por camadas de lamelas ou placas de cerume, que serve para proteger e facilitar o controle de temperatura do ninho e recebe o nome de invólucro. Em cada favo as abelhas operárias depositam uma mistura de pólen e mel que servirá de alimento para a larva, oriunda de um ovo depositado pela rainha, e o favo é depois lacrado permanentemente até que a nova abelha esteja formada e possa eclodir. Depois disso as abelhas desmontam o favo e reaproveitam o material em novas construções.

Ao contrário do que ocorre nas abelhas do gênero Apis, o mel e o pólen estocados pela colônia não são armazenados nos favos, que servem apenas para o crescimento das crias. Ao invés disso eles são estocados em potes especiais construídos pelas abelhas também com cerume, que tem forma oval ou mais raramente cilindrada e podem, dependendo da espécie, chegar ao tamanho de um ovo de galinha. Estes potes em geral são construídos ao redor do invólucro ou mesmo em cavidades adjacentes àquela onde está localizado o ninho. A vedação das frestas e o preenchimento de volumes não aproveitados da cavidade utilizada pela colônia para a nidificação ou o estoque de alimentos é feita com uma mistura de cerume, argila e em alguns casos até mesmo esterco de animais, chamada geoprópolis. Diferentes espécies de abelhas sem ferrão utilizam quantidades distintas de geoprópolis em suas colméias. As abelhas da espécie mandaçaia por exemplo o empregam em grande quantidade, ao passo que as da espécie jataí quase não o utilizam.

A colônia de abelhas sem ferrão é composta por diversas castas, que incluem uma rainha (ou mais de uma em algumas espécies), abelhas operárias, zangões e princesas, que são as rainhas ainda não fecundadas. Ao contrário das abelhas com ferrão, as operárias da tribo Meliponini podem também colocar ovos férteis, dos quais em geral nascem apenas zangões. Contudo, já foi observado em mais de uma espécie a ocorrência de fecundação de operárias pelos zangões, e nestes casos as operárias passam a ser capazes de colocar ovos fecundados produzindo outras fêmeas. Diferentemente do que ocorre no gênero Apis, nas abelhas do gênero Melipona a determinação da casta das fêmeas obedece a fatores genéticos e não a alimentação especial das larvas selecionadas para serem rainhas. Este grupo, portanto, não produz a geleia real. Já nas espécies da tribo Trigonini geralmente é a quantidade de alimento ingerido pelas larvas que determina a evolução destas como rainhas, e por isso as operárias constroem favos maiores para acomodar as larvas quando é época de multiplicação da colônia ou se uma nova rainha se tornar necessária. Tais favos de grande tamanho são chamados "células reais".

Embora o tamanho das colônias da maioria dessas abelhas seja muito menor que o das abelhas europeias e africanas do gênero Apis, em certas espécies a produtividade de mel por abelha pode ser bastante elevada, com colônias contendo menos de mil insetos sendo capazes de produzir até 3 ou 4 litros de mel por ano. Provavelmente a campeã mundial em produtividade, a manduri (Melipona Marginata) vive em enxames com apenas cerca de 300 indivíduos, mas mesmo assim pode produzir até 3 litros de mel por ano nas condições adequadas. Ela é uma das menores entre todas as abelhas do gênero Melipona, com comprimento de 6 a 7 mm, e está sendo usada em alguns países como o Japão e a Alemanha como polinizadoras em estufas. Mas, apesar de não tenderem a atacar se não forem molestadas, quando sentem que seu ninho está sob ameaça sua reação é violenta e estas pequenas abelhas mordem tão fortemente que podem machucar a pele das pessoas.

Espécies do gênero Scaptotrigona formam grandes colônias com até 20.000 indivíduos e podem produzir 8-12 litros de mel por ano, mas são um tanto agressivas e, portanto, não muito populares entre os meliponicultores. No Brasil, alguns criadores maiores têm mais de 3.000 colmeias de espécies mais dóceis mas ainda altamente produtivas no gênero Melipona, como a tiúba (M. Compressipes), uruçu verdadeira (M. Scutellaris) e jandaíra (M. Subnitida), cada um com até 3.000 ou mais abelhas, e podem produzir mais de 1,5 toneladas de mel por ano (em grandes explorações de abelhas a disponibilidade de flores limita a produção de mel por colônia). Muitas outras espécies também são criadas em escala menor, como a mandaçaia (M. Quadrifaciata), a guaraipo (M. Bicolor) ou a jataí (Tetragonisca angustula). Na América central as espécies M. Beecheii e M. Yucatanica eram criadas pelos maias há milhares de anos, de forma semi ritualística, e os seus descendentes ainda praticam a criação embora esta atividade esteja desaparecendo com a introdução da criação das abelhas do gênero Apis. Também na África está se iniciando a criação de abelhas sem ferrão com espécies como a Meliponula Bocandei. Na Austrália e região do indo-pacífico também está se difundindo a criação de abelhas sem ferrão de espécies nativas como a Tetragonula carbonaria australiana e a Tetragonula Laeviceps das Filipinas. Estas espécies orientais, contudo, produzem apenas quantidades marginais de mel, e sua criação visa mais a sua capacidade de polinização ou simplesmente a proteção das espécies contra a extinção.

Sendo considerado mais palatável por não ser excessivamente doce, e tendo também propriedades medicinais mais pronunciadas do que o mel das abelhas do gênero Apis, o mel de abelhas sem ferrão retorna valores muito elevados no mercado, até cinco ou dez vezes maior do que o mel comum produzido pelas abelhas européias ou africanizadas. Isso faz com que a produção seja muito interessante comercialmente apesar de ser necessário um número muito maior de colmeias para que se possa produzir quantidades equivalentes de mel. O mel de abelhas sem ferrão tem geralmente uma cor mais clara e um maior teor de água (de 25 % até 35%) em comparação com o mel de gênero Apis, cujo mel é constituído por 20% ou menos de água. Isto contribui para que o seu sabor menos enjoativo, mas também faz com que estrague mais facilmente. Assim, para a comercialização deste mel ele precisa ser processado através de dissecação, pasteurização ou maturação. Em seu estado natural ele deve ser mantido sob refrigeração.

O conhecimento sobre as abelhas sem ferrão e a meliponicultura nas Américas é muito antigo quando comparado com as atividades envolvendo, nesse continente, as abelhas Apis mellifera (popularmente conhecidas como europeias, italianas ou africanas). Há muito tempo, povos indígenas de diversos territórios se relacionam com os meliponíneos de muitas formas, seja estudando-os, criando-os de forma rústica ou explorando-os de forma predatória. Antes da chegada da abelha Apis mellifera no continente americano, ou da exploração da cana para fabricação de açúcar, o mel das abelhas nativas caracterizava-se como principal adoçante natural, fonte de energia indispensável em longas caçadas e caminhadas que esses povos realizavam na busca por alimento.

Muito do conhecimento tradicional acumulado pela população nativa foi gradativamente assimilado pelas diferentes sociedades pós-colonização, tornando a domesticação das abelhas sem ferrão uma tradição popular que se difundiu principalmente nas regiões norte e nordeste do Brasil.

A herança indígena presente na atual lida com as abelhas é evidenciada pelos nomes populares de muitas espécies, como Jataí, Uruçu, Tiúba, Mombuca, Irapuá, Tataíra, Jandaíra, Guarupu, Manduri e tantas outras.

A diversidade de saberes e práticas aplicadas na meliponicultura atual é diretamente proporcional à diversidade de abelhas, culturas e ambientes onde a atividade se manifesta.

Inspirado nesta diversidade, este site não pretende defender uma forma única e padronizada de manejar as abelhas, mas sim apresentar aos que desejam se aventurar na meliponicultura uma variedade de técnicas que têm sido utilizadas com sucesso no Brasil.

Fonte: Manual Tecnológico Mel de Abelhas Sem Ferrão

O que é meliponicultura? 

Meliponicultura é a atividade de criação de Meliponíneos, popularmente conhecidas como Abelhas sem Ferrão. Especialmente dos gêneros Meliponas e Trigonas. A meliponicultura tem como principal objetivo a produção de mel, própolis, pólen, resinas. Também, na produção e multiplicação de colmeias. Tanto para venda de enxames, melhora na polinização das plantas, para a preservação das espécies e conservação da biodiversidade.

História da Meliponicultura

A meliponicultura é uma atividade muito antiga, praticada pelos antigos povos indígenas que habitavam a América Latina, principalmente em países como Brasil e México. Os povos indígenas utilizavam seu mel que tem propriedades medicinais para curar diversos problemas de saúde, como resfriados e principalmente catarata.


Atividade Sustentável

A meliponicultura tem uma participação muito importante no desenvolvimento econômico, social e ambiental nas regiões onde a atividade é desenvolvida. Assim a meliponicultura é considerada uma atividade relativamente fácil de ser desenvolvida pelo fato de não ser necessário cuidados intensivos. E também por não necessitar um grande investimento na construção de um meliponário.

Os meliponários podem ser construídos tanto em áreas rurais como também em áreas urbanas. De preferência perto de locais onde hajam floradas e água.


Como começar na meliponicultura

Primeiramente a meliponicultura exige muito estudo prévio. Estamos lidando com seres vivos, por isso é muito importante o estudo. Portanto se você deseja iniciar na meliponicultura, estude bastante. Este site traz todas informações necessárias para iniciar na meliponicultura.

A meliponicultura é uma atividade muito prazerosa e gratificante. Portanto agora que você já sabe o que é meliponicultura e tem interesse em se tornar um meliponicultor, estude pelas sessões deste site. Assim você vai adquirir o conhecimento necessário para exercer esta atividade sem problemas. E por fim se possível em breve iniciar sua criação de abelhas sem ferrão.

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