domingo, 29 de julho de 2018

AGRICULTURA DE BAIXO CARBONO E O MEIO AMBIENTE

ENTENDA O QUE É AGRICULTURA DE BAIXO CARBONO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA O MEIO AMBIENTE



Você sabia que a produção de alimentos é uma das vertentes do setor agrícola que mais contribuem com o desequilíbrio do efeito estufa? Ele é um fenômeno natural que acontece para manter a temperatura do nosso planeta em níveis ideais que garantam a sobrevivência de todas as espécies, e, sem ele, as temperaturas seriam muito baixas e não haveria vida na terra. O problema acontece quando há um aumento na emissão dos gases que retém o calor na atmosfera, chamados Gases do Efeito Estufa.


Estatísticas alarmantes
Segundo o relatório de 2010 do World Bank, as atividades do setor agrícola (neste relatório estão incluidas todas as atividades rurais que compreendam este setor, como criação de gado, aves, suínos, equinos, lavouras, transportes e etc...),
são responsáveis por cerca de 43% da emissão de CH4 (gás metano) e, em média, de 67% da emissão de N²O (óxido nitroso), sendo que, no Brasil, as estatísticas são significativamente mais preocupantes. O setor responde por 74% e 80% da emissão dessas substâncias, respectivamente.

Vale ressaltar que a monocultura extensiva e o uso abusivo de agrotóxicos e fertilizantes integram as atividades que afetam diretamente o solo, causando o seu empobrecimento e deterioração, além da escassez de água. Por isso, a agricultura de baixo carbono é vista como uma alternativa sustentável que visa reduzir os impactos negativos do setor ao meio ambiente, por conta de soluções inovadoras nos meios de produção que utilizam recursos tecnológicos.

Quais os benefícios da agricultura de baixo carbono?
A prática é incentivada pelo Plano ABC, por meio do Programa Agricultura de Baixo Carbono, que oferece uma linha de crédito para agricultores que adotam meios de produção menos agressivos ao meio ambiente. Dentre os benefícios que a agricultura de baixo carbono oferece, destacam-se:

Melhorias na qualidade do solo
Existem processos que podem tornar a produção agrícola mais sustentável, como o SPD (Sistema de Plantio Direto), quando a mobilização de terra é efetuada em menor escala, de forma que a sua qualidade seja preservada. Além disso, a técnica promove a constante manutenção da superfície do solo, contribuindo positivamente para que a sua erosão seja evitada.

O ILPF é o processo de combinar a criação de animais e as coberturas florestais em um único espaço. Quando o SPD é combinado com o ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), os benefícios gerados ao solo são inestimáveis, pois a diversificação da criação de animais contribui diretamente com a melhoria de sua produtividade, e a diminuição do período entre as colheitas e semeaduras conserva a água e o solo.

Redução da emissão dos gases que desequilibram o efeito estufa de forma sustentável
Os gases que agravam o efeito estufa podem ter a sua emissão reduzida com algumas práticas entre as variadas etapas do processo de produção agrícola. Por exemplo, pela biodigestão dos dejetos e/ou carcaças animais, convertendo-os em fertilizante e biogás.

O biogás é uma forma de combustível mais sustentável, utilizado para gerar energia térmica, mecânica ou até mesmo elétrica. Ele é de grande interesse para os produtores, visto que reduz os seus custos e a emissão de gases na atmosfera.

Além disso, existem as opções de substituir o diesel utilizado nos maquinários agrícolas por Biodiesel, e a implementação do plantio de espécies de rápido desenvolvimento, como as diversidades de pinus ou eucalipto.

Fixação de nitrogênio
O nitrogênio é uma importante fonte de nutrientes para a produção agrícola, sendo um dos principais elementos responsáveis pelo desenvolvimento das plantas. Normalmente, o processo de captação de nitrogênio é realizado pelo uso de fertilizantes, o que acaba gerando graves danos ao meio ambiente como:

  • Significativa redução dos nutrientes do solo.
  • Contaminação do lençol freático, lagos, mananciais e rios.
  • Perda da biodiversidade do solo.
  • Emissão de N²O.


Entretanto, o processo de fixação biológica de nitrogênio pela associação de bactérias diazotróficas é exponencialmente menos prejudicial ao meio ambiente, além de ser uma solução sustentável.

Brasil e a economia de baixo carbono: do que precisamos para cumprir o Acordo de Paris.


Construir uma economia de baixo carbono é o desafio global do século XXI. Com o aumento da temperatura, é necessário deixar de pensar nas questões climáticas como problemas ambientais e entendê-las como um desafio dentro do campo econômico e social. O Acordo de Paris, assinado por 190 países em 2015, é o grande norte internacional para limitarmos o aquecimento do planeta em até 2ºC. O desafio para o Brasil, sétimo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, é a redução de 37% de suas emissões até 2025.
Investir em tecnologias limpas, revolucionar setores já estratégicos e alavancar a economia nacional de forma sustentável é a grande oportunidade brasileira nas próximas décadas. Segundo André Nahur, Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF Brasil, o país é um dos que tem maior potencial para transformar os grandes “vilões” da emissão de gases do efeito estufa em atividades de baixo carbono: uso de terra, agricultura e energia.
O setor de Uso da Terra e Floresta é o maior emissor de gases do efeito estufa no país, representando quase metade (45%) das emissões em todo o ano de 2015 (SEEG). Isso inclui o desmatamento dos grandes biomas brasileiros, como a Amazônia e o Cerrado, grandes queimadas e degradação dos solos. A energia representa 23% desse total, enquanto a agricultura ocupa o terceiro lugar (22%).

“No setor agrícola, temos potencial para fazer uma agricultura de baixo carbono e reduzir os impactos das mudanças climáticas implementando tecnologias e metodologias para melhorar a resiliência. No setor de energia, o Brasil é um dos países que tem enorme potencial em relação a energias renováveis alternativas, como solar, eólica e biomassa. Isso significa um grande potencial para gerar novos empregos e aumentar o PIB. É algo que ainda não está sendo explorado e que, se fizermos de forma correta, pode trazer enormes benefícios econômicos, sociais e ambientais”, analisa.
O combate ao desmatamento no país é uma das questões mais complexas e também mais centrais se quisermos cumprir a meta estabelecida em 2015. Plínio Ribeiro, CEO da Biofílica, lembra que as áreas devolutas (terras públicas que nunca integraram o patrimônio particular) concentram as maiores taxas de desmatamento. Atualmente, quase 70 milhões de hectares na Amazônia se encaixam nessa categoria. “As áreas que já são unidade de conservação, terras indígenas ou propriedade privada são historicamente melhor geridas. Então tem que ter uma alocação desses hectares”, ressalta.
Criar um ecossistema de negócios que invista em conservação florestal e uso econômico responsável é essencial para proteger os biomas, segundo o empresário. E é justamente nessa área que a Biofílica atua: ajudando a criar mecanismos para que os proprietários de terra sejam remunerados pelas atividades de conservação. “Ter floresta tem que valer a pena, seja o proprietário um [povo] indígena, um grande, médio ou pequeno agricultor. A gente brinca que somos quase um Airbnb da floresta: ajudamos o proprietário a cuidar, investimos recursos próprios nessas atividades e criamos uma série de técnicas e metodologias que podem converter essa conservação em crédito de carbono, por exemplo”, pontua.

A venda de créditos de carbono nessas propriedades ajudam tanto as empresas que compram e neutralizam suas emissões como apoiam o proprietário e o incentivam a não derrubar árvores. A organização gere hoje mais de um milhão de hectares em projetos de uso econômico da floresta, que englobam a produção de produtos madeireiros, não-madeireiros, serviços ambientais e biotecnologia. “A gente entende que essa é a economia desse século. Se o Brasil criar esses mecanismos, a gente sai de uma economia de degradação florestal para uma economia de conservação florestal”. A organização já fez negócios com grandes empresas como Tim, Nivea e Suzano Papel e Celulose – companhias que já atuam em projetos de sustentabilidade, alguns inclusive ganhadores do Prêmio Eco.

O que você tem feito para reduzir a emissão de Gases do Efeito Estufa? Acredita que a agricultura de baixo carbono é importante para o meio ambiente e para o seu negócio? Deixe o seu comentário compartilhando a sua opinião conosco!

Fontes: